domingo, 29 de março de 2009

A passarela da Daniela


Daniela é filha de um amigo e quer ser modelo. Procurou a mim, sei lá porque, pedindo dicas e conselhos. O que vou dizer à Dani? Deve ser mesmo sensacional vestir roupas descoladas, posar para fotos em Milão, aparecer nos out-doors, ganhar fortunas. Sem dúvida, exige-se muito talento para desfilar com uma calça roxa com teias de aranha na bainha ou um blazer estampado com Joana D’Arc na fogueira. Notem que não entendo bulhufas do mundo fashion, mas como conheço alguma coisa da alma humana, assusta-me a existência de suas vítimas. Falo daquele tipo infeliz incapaz de sair à rua para comprar pão e leite se não estiver usando algum ícone contemporâneo.
Esquivei-me até agora e continuo devendo minha opinião à Dani.
Pensando bem, vou dizer a ela que continue estudando, tomando gosto pelos livros, vendo plantas, bichos, máquinas e estrelas, até encantar-se por alguma arte ou ciência. Pois é, Dani: ser modelo deve ser super legal e você é uma graça de menina. Mas considere a dica deste seu tiozão: até por uma questão mercadológica, conjuntural e de chances no futuro, o melhor hoje em dia é ser fora de moda. Invente um modelito exclusivo, original, único, do jeito que só a Dani sabe ser. Resumindo: crie sua própria griffe.
Na pior das hipóteses, você nunca vai pagar o mico de encontrar outra Daniela – vestida igualzinho, falando igualzinho, andando e pensando igualzinho a você, numa dessas vitrines da vida por aí.

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